Por José Eli da Veiga
Se nas ciências sociais houver algo como teses incontestáveis, uma delas é, com certeza, que em qualquer sociedade todas as instituições manifestam fortíssima inércia. Principalmente regras e normais legais.
Mudam as condições originais que levaram à sua criação, mas elas sempre esbarram em feroz resistência a ajustes às novas circunstâncias. Além de explicar por que multidões vez ou outra protestam nas ruas, essa tese também aconselha muita cautela com sedutoras propostas de substituição.
Por isso, ao tirarem lições dos abalos sísmicos que há vinte dias pululam pelo país, não deveria ser esquecida por deputados e senadores, nem pela presidente e sua imensa corte ministerial.
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Claro, a causa está na incapacidade do sistema político de se adaptar aos desenvolvimentos socioeconômicos das últimas décadas. Mas não é menos verdade que frenesi em corrigir as instituições mais obsoletas poderá engendrar tiros pela culatra, caso as escolhidas para substituí-las comprometam o dinamismo necessário à sociedade para enfrentar o contexto global das próximas décadas.
Há forte risco de que sejam selecionadas instituições que logo se revelarão contraproducentes, mesmo que hoje pareçam das mais decisivas à salvação da lavoura. Notadamente três tendências precisam ser rechaçadas: o financiamento público de campanhas eleitorais; a vinculação exclusiva dos royalties do petróleo à educação e saúde, e a temerária protelação do pedágio urbano.