A experiência da África do Sul, primeiro país em desenvolvimento a sediar uma Copa do Mundo padrão Fifa, continua rendendo lições importantes para o Brasil. Nesta semana, veio do país africano mais um alerta importante. As construtoras que ergueram os estádios e realizaram outras obras em pelo menos cinco cidades são acusadas de formar cartel e combinar preços mais altos para tirar dinheiro dos cofres públicos.
Segundo reportagem da Associated Press, cinco cidades sul-africanas estão processando as construtoras que atuaram na Copa do Mundo de 2010: Johannesburgo, Cidade do Cabo, Durban, Port Elizabeth e Polokwane. Elas cobram na justiça 3,9 bilhões de rands (US$ 394 milhões) em prejuízo.
Apenas na construção do estádio da Cidade do Cabo, que custou US$ 730 milhões, o sobrepreço pode ter sido de US$ 220 milhões, de acordo com cálculos da Associação de Governos Locais Sul-Africana.
A cobrança se segue a um outro processo no qual 15 empreiteiras aceitaram pagar multas de US$ 147 milhões para evitar a tramitação de um processo na justiça sul-africana na qual eram acusadas de fraudar projetos feitos no país entre 2006 e 2011, incluindo alguns da Copa do Mundo.
Em janeiro, ao assumirem o governo, o prefeito Jabes Ribeiro e o secretário Isaac Albagli anunciaram a conclusão dessa obra no bairro São Francisco (zona sul de Ilhéus), financiada com recursos do governo federal. Passados seis meses, a intervenção foi novamente paralisada. A enorme vala que estava aberta foi aterrada, mas a rua continua sem calçamento. A rede de escoamento pluvial não funciona e os moradores continuam a lamentar as inundações rotineiras em dias de chuvas. Quanto já foi gasto e mais quanto será necessário para concluir essa obra? Imagem: facebook.
A missão da ONU que avaliaria neste mês a situação do acesso à água e ao saneamento básico no País foi suspensa. O veto foi anunciado quinta-feira ao órgão, e nenhuma explicação considerada pela entidade como razoável foi dada.
Na ONU, porém, a informação é de que o governo não quer que, nesse momento de manifestação e demandas da população, se escancare mais um problema social do País. A ordem de vetar a viagem teria vindo do próprio gabinete da presidente Dilma Rousseff. Mas o Itamaraty negou que a visita tenha sido cancelada. Em nota, garantiu que houve apenas um adiamento para que “pudessem ser dadas à relatora as melhores condições possíveis para sua missão”. A visita seria remarcada ainda para o segundo semestre, mas ainda sem previsão de data.
Informação enviada pelo professor José Eli da Veiga.