Por Thiago Dias
A internet transformou nossos modos de habitar o mundo. A técnica informacional media as relações financeiras, a macropolítica globalizada e seus contrapontos locais.
O computador transmutou-se numa miríade infindável de aparelhos. Enquanto o trânsito dos carros congestiona as metrópoles, suas vias de fibra óptica nunca param. Reduzidos a códigos binários, os fluxos (discursivo e financeiro) são ininterruptos. O conceito de mobilidade urbana atualiza-se nos aparatos móveis pendurados ao corpo humano.
A Mídia Ninja radicalizou o conceito de mobilidade urbana com sua apropriação sobre os meios móveis de produção e transmissão de imagens. A arma do Ninja é seu celular conectado à rede. Seu poder especial é apresentar uma perspectiva alternativa das coberturas televisivas, diante das manifestações populares que tomaram as ruas. Sua atuação é em tempo real.
Qual outro sistema comunicacional pode ser mais adequado que a essência móvel da Mídia Ninja para cobrir os movimentos das ruas?
Certamente, não são os canais tradicionais. Eles não tem vocação para a realidade emergente, descentralizada, dinâmica e aleatória. Seus equipamentos de transmissão, mais preocupados com a alta resolução da vidraça quebrada, não conseguem acompanhar o ritmo dos acontecimentos. A solução para a Rede Globo, por exemplo, tem sido infiltrar repórteres (“à paisana”) entre os grupos mobilizados. Mas esses não são Ninjas, não passam de peças humanas do equipamento ultrapassado.
A contra-informação (e essa expressão está muito longe de qualquer sentido pejorativo) ganhou um aliado poderoso – a Mídia Ninja está nas ruas.