Por Mohammad Jamal

Embora haja quem diga que no período que estivemos como Colônia Portuguesa até o Estado Novo; pouco ou quase nada se falava à boca pequena e, jamais na imprensa, os jornalistas puristas da época sobre temas como corrupção, concussão, prevaricação, desvios de conduta de Servidor Público; quiçá roubo! Não sejamos, entretanto, tão crédulos quanto puristas a ponto de supormos haver existido àquela época, uma sociedade constituída exclusivamente por fiéis depositários honrados e ilibadamente honestos na guarda dos valores monetários públicos e, por conseguinte, assim legitimados pelo mérito do crédito e fé indubitável do povo. Ora, que havia mínimos e escassos desvios, não se pode negar; os dois ou três que derivaram da senda da honradez, ceifaram a própria vida em suicídico arrependimento. Tempos bons! Gostaria de ter vivido aquela época! Uns raros gatos pingados pegos em flagrante delito com duas ou três Patacas esquecidas na Prestação de Contas!

Na atualidade temos tanta gente roubando descuidadamente por aqui, que dá para encher um Brasil do Oiapoque ao Chuí! Hoje, mercê da transmutação e do mimetismo com que volitivamente o homem contemporâneo metamorfoseou a moral à sua conveniência, tudo é permitido; é uma trivialidade ouvir alguém dizer: “Fui pego naquela investigação. Desviei (verbo elevado à condição sinônima do roubar) merreca de um milhão, mas pago cento e cinquenta Reais de multazinha e, estou ficha limpa de novo!”.

O que foi que aconteceu àquela antiga e, por isso, abolida moral de bons costumes?  Anda tão sumida! Faz tempo que a vi de relance, em desesperada carreira fugindo duma turba de corruptos que pretendiam estuprar e apedrejar a coitada! Não pude ajudá-la, eram muitos expertos para enfrentar sozinho. Acho que ela nem agonizou; foi morte súbita.

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