
Carlos Minc, ex-ministro do meio ambiente do segundo mandato de Lula e atualmente deputado estadual, decidiu deixar o PT. Alega conflitos éticos e cita a decisão da sigla de apoiar para prefeito do Rio de Janeiro, o peemedebista Pedro Paulo Carvalho, que já confessou ter agredido a ex-mulher.
Minc tem vinculações políticas e históricas com o movimento das mulheres, e já foi considerado simbolo do PT do Rio.
Leia a carta de desligamento.
Prezados amigos(as), parceiras(os), companheiros(as),
É com imensa tristeza que vos comunico através da presente carta o meu desligamento do Partido dos Trabalhadores.
Tenho orgulho de tudo que fiz no PT: o combate às desigualdades, às discriminações e a luta pela proteção do meio ambiente e pelo desenvolvimento sustentável. Entendo que honrei meus mandatos, no legislativo e no executivo, sempre agindo de acordo com os ideais eco-libertários, éticos e com os programas partidários.
Avançamos imensamente, tiramos milhões da pobreza, colocamos milhões de jovens nas universidades e escolas técnicas, mas cometemos muitos erros, na política, na ética, na economia. Não soubemos entender e reverter estes erros, que acabaram sendo também objeto de manipulação e amplificação através de tratamentos diferenciados e seletivos da oposição e de alguns setores da mídia, da Justiça e do Ministério Público. E nós, que sempre defendemos a luta contra a impunidade e os privilégios, ficamos emparedados.
Fato é que, infelizmente, não ocorreu a implementação de um movimento de correção de rumos, de “refundação do partido”, como sustentou o companheiro Tarso Genro. Esta combinação perversa nos levou ao isolamento crescente e ao estigma da corrupção, que afastou, sobretudo, os formadores de opinião, as classes médias, a juventude, os intelectuais, dentre outros. Isso tudo acabou criando bases para o ressurgimento da direita reacionária (que andava escondidinha…), e para a radicalização insana da política, com ameaça real às grandes conquistas obtidas e até mesmo às liberdades democráticas.