Por Mohammad Jamal.
”Do mesmo modo que a oxidação no caso do ferro e o caruncho e as cracas no caso da madeira são pragas ínsitas a esses materiais, e eles, embora escapem dos agentes destruidores externos, são desfeitos por elementos nocivos presentes em si mesmos, cada Constituição sofre de um mal congênito e inseparável de si mesma; na monarquia esse mal é a tendência ao despotismo, na aristocracia é a tendência à oligarquia, e na democracia é a tendência à selvageria e ao império da violência; e como foi dito há pouco, é impossível que cada um desses tipos de Constituição não tenda com o tempo a converter-se na sua forma degenerada”. (Políbio).
Superficial. Tem gente que costuma atribuir culpa ao eleitor pela débâcle política brasileira; vota errado, superficial e levianamente. Acho que nem Freud explica. Vivemos uma casmurra e resignada realidade política e constitucional lateralmente imoral, anacrônica e adversa… Numa boa! Que reação pode esboçar o eleitor brasileiro diante da coercitiva e constrangedora obrigatoriedade de votar? E o que é pior: nos mesmos? E, diante de um sistema eleitoral viciado que nos remete aos ideais das “pirâmides financeiras”, nesse caso, pirâmide eleitoral, comandada dos seus tronos partidários por oligarcas que se perpetuam por décadas no poder e, quando morrem, ainda assim deixam o feudo político por herança cabedal à sua genealogia sucessória? Fazer o quê? Aqui não cabem ideias ou ideais do anarquista Mikhail Bakunin. Há um resignado conformismo ante um fatalismo pragmático para com o destino do povo.
A Chibata. E olha que ainda carregamos históricas cicatrizes dos látegos dos pelourinhos dos nossos governantes; do liberalíssimo Fernandinho H. C., das empobrecedoras privatizações; dos anos “quentinha azeda” dos governos petistas do padrasto tio Lula – que quer ressurgir do cárcere, ignorar a Lei da Ficha Limpa e voltar, imagina? Dos governos edipianos da não menos inesquecível tia Dilma, apeada pelo impeachment urdido por sua própria base aliada, o famigerado PMDB, contraditoriamente, também em desfavor do povão que, de tão ideológica e politicamente perdido nos meandros da pirâmide eleitoral brasileira, nem teve tempo de comemorar, pois o fumo “temer’oso” do faustoso presidente veio impávido e brutal nos atos, PECs, MPs e projetos, supostamente salvadores da pátria, sopesados como a Reforma Trabalhista, da Previdência, etc. etc. essa última, ainda pendente de negociações e beatificação pelo Congresso. No prelo, com ínfimas possibilidades de publicação.