As mais relevantes instituições constitucionais da pátria foram substituídas pelos novos “institutos” que demandam e opinam opróbios veementes aos ouvidos das massas. Refiro-me aos poderosos influenciadores no ciberespaço: redes sociais, Whatsapp, Face book, sites, Fake News e tudo o mais que se dissemina através a Internet disfarçados de informações de utilidade pública e pseudojornalismo de conveniências singulares. Na verdade, armadilhas pra capturar porco cateto, javali, esfomeados e excluídos na labilidade dos guetos da obtusidade cultural.
Por Mohammad Jamal.
Há algo diferente no ar e uma sensação tal como se viajássemos num trem ou num metrô e admirássemos a paisagem feérica através os vidros das janelas. Tudo passa rápido e desfocado como se as visse através um espelho côncavo onde as figuras passam como se voassem soltas no espaço impossibilitando-nos fita-las em detalhes; é como se vultos disformes, algo desconhecido, amorfo e sem contornos; sombras produzidas pela interposição de objetos à luz fazem brotar seres alienistas, monstros pictóricos que nossa imaginação não consegue denominar ou associa-las a algo da nossa memória. Não obstante tenhamos nascido e sido criados por aqui, não enxergamos nas figuras desses seres míticos, algo familiar ao nosso corriqueiro existencial. E não estamos em Marte; aqui é a terra e esse, supomos, é o nosso velho Brasil, o mesmo que alguns desocupados viajantes lusitanos asseguram haver descoberto e colonizado. Ou não?
Será que introduziram algo estupefaciente psicoativo, alguma droga pesada ao nosso narguilé das cinco? Ou estamos todos sob os efeitos alucinógenos de alguma substância, algo gigantesco e quimicamente poderoso capaz de induzir as massas a intensa psicolepsia esquizoide? Ou seria algo resultado dos efeitos colaterais de quando se combinam liberdade de imprensa com o massivo tráfego cibernético? Esse etéreo QSP, veículo inoculador utilizado por poderosos “influencers” para disseminar seus cânticos míticos fecundos em denúncias infamantes, arma retórica para promover as mentiras transmutadas em verdades, instilar o veneno da desconfiança e capturar vulneráveis susceptíveis, os tais excluídos; a massa de manobras políticas, aquela com fome, desempregada, abaixo da linha da pobreza, facilmente açulada pelo rancor dos frustros e malogros repetidos e, usada como munição barata por eloquentes influencers midiáticos para chantagear os coringas no poder, disseminar suspeitas e desconfianças nos seios da massa, fomentar inquietações e desordem social enquanto tentam desmoralizar caluniosamente uma das mais importantes instituições representativas da nação, o Judiciário, adjudicando-o em simbiose junto àquelas mesmas desgastadas figuras de sempre no executivo e legislativo, que ainda subsistem à nossa custa sustentadas sobre esteios morais podres, com mimos, vantagens, as tais “conquistas”, num ciberespaço em degradante e inexorável expansão degenerativa.
As mais relevantes instituições constitucionais da pátria foram substituídas pelos novos “institutos” que demandam e opinam opróbios veementes aos ouvidos das massas. Refiro-me aos poderosos influenciadores no ciberespaço: redes sociais, Whatsapp, Face book, sites, Fake News e tudo o mais que se dissemina através a Internet disfarçados de informações de utilidade pública e pseudojornalismo de conveniências singulares. Na verdade, armadilhas pra capturar porco cateto, javali, esfomeados e excluídos na labilidade dos guetos da obtusidade cultural.
(Je pense, donc je suis) está no livro Discurso do Método, de 1637. Penso, logo existo conhecida por sua forma em latim, Cogito, ergo sum, é uma frase do filósofo francês René Descartes, outrora inquestionável; hoje, nem tanto, porquanto já é quase totalmente questionável. Existimos mesmo ou somos apenas alguns caracteres binários presentes nos bancos de dados do Google e outros buscadores autonômicos? Fala sério, viu! Você tem pensado racionalmente de forma analítica e crítica sobre o que é você ou como te representam nesse universo de zeros e uns? 10001010000010010100. Esse aí sou eu! Gostou da minha representação?
Vejamo-nos por outra ótica, por exemplo, a ótica de schopenhauer. Quando lemos, outra pessoa pensa por nós; nessa situação, apenas repetimos seu processo mental, do mesmo modo que um estudante, ao aprender a escrever, refaz com a caneta os traços que seu professor fizera a lápis. Quando lemos, somos dispensados em grande parte do trabalho de pensar. É por isso que sentimos um alívio ao passamos da ocupação com nossos próprios pensamentos para a leitura, ou quiçá para a mera audição da subversora oratória alheia, muito em voga na “Net”. No entanto nossa cabeça é, durante a leitura, apenas uma arena de pensamentos alheios. Quando eles se retiram, o que resta? Em consequência disso, quem lê muito quase todos os dias, mas nos intervalos passa seu tempo sem pensar em nada, perde a capacidade de pensar por si mesmo, como alguém que, de tanto cavalgar, acabasse desaprendendo a andar com as próprias pernas. E é aí que mora o perigo. Lincham e malham um inocente só porque se ouviu alguém bradar alto: Pega!… Ladrão… Estuprou meu jumento!
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