“É impossível se arrepender de um arrependimento. Esse sentimento é protegido de si mesmo, foi feito para ficar, pois querer que ele desapareça é desejar a recorrência do erro e, portanto, a reaparição do mesmo arrependimento. Arrepender-se é manter friamente o ato que o gera em sua própria esfera de cometimento; é, simultaneamente, o espelho, a face do erro e a reflexão de um no outro. Esse modelo metafísico filosófico refletido ou projetado, às vezes ofuscante, outras embaçado, densamente opacificado e supostamente imperscrutável que acomete alguns homens públicos; esse embarcamento densamente opacificado que administradores públicos interpõem zelosamente como tapumes obstrutores à antevisão das suas personalidades e condutas tal quanto à interpretação e leitura das escriturações contábeis dos seus gastos, são caracteristicamente circunstanciais”.
Por Mohammad Jamal.
Adão e Eva eram nus sem o saber. Aí souberam demais. Uma vez sabedores, tinham tudo a esconder e se arrependeram de estar nus. O arrependimento é o desejo de não ter feito algo, encurralado, por um lado, pelo fato “desse” algo ter sido feito, e por outro, pelo incontestável desejo de não mais fazê-lo. Alain Badiou diz que “jamais há nudez no teatro, tampouco, mas trajes obrigatórios, a nudez sendo ela própria um traje, e dos mais vistosos”. Há nudez apenas no pensamento, não na natureza. E como o pensamento é algo humano, só há nudez humana. Entretanto, o que há, para nós, nessa nudez exclusiva, que demanda constante cobertura? Seria a nudez vergonhosa por natureza? “Vergonha de que?”, pergunta-nos Derrida; “Vergonha de estar nu como um animal”, responde o filósofo. A nudez do animal é seu nome, sobrenome e, sobretudo o seu ser. Já para o homem, nome e o sobrenome são as primeiras vestimentas com as quais o seu ser naturalmente despido é definitivamente encoberto. Essa primeira fantasia nominal, por sua vez, é customizada a partir dos andrajos da cultura, e, uma vez em tais hábitos abstratos, as demais vestes concretas são apenas as efêmeras películas com que o homem impermeabiliza-se ainda mais contra a própria natureza humana.
É impossível se arrepender de um arrependimento. Esse sentimento é protegido de si mesmo, foi feito para ficar, pois querer que ele desapareça é desejar a recorrência do erro e, portanto, a reaparição do mesmo arrependimento. Arrepender-se é manter friamente o ato que o gera em sua própria esfera de cometimento; é, simultaneamente, o espelho, a face do erro e a reflexão de um no outro. Esse modelo metafísico filosófico refletido ou projetado, às vezes ofuscante, outras embaçado, densamente opacificado e supostamente imperscrutável que acomete alguns homens públicos; esse embarcamento densamente opacificado que administradores públicos interpõem zelosamente como tapumes obstrutores à antevisão das suas personalidades e condutas tal quanto à interpretação e leitura das escriturações contábeis dos seus gastos, são caracteristicamente circunstanciais.
Gato escondido, e o rabo? Os elementos linguísticos presentes nas escriturações tentam disfarçar ou justificar as aplicações das verbas “carimbadas” para os fins que não àqueles a que foram previamente destinadas. A ocultação dos apontamentos e destinações das receitas tributárias; dos repasses financeiros federais e estaduais que dão justificativa aos gastos com o dinheiro público, o erário, são lugar comum por aqui. Fica sabido, portanto, que o cometimento de tais omissões corriqueiramente usuais, já não nos estarrece. Quem nunca comeu carne de iaque do Himalaia jamais sentirá falta do seu sabor! Ou não? Comeu?
VIP Eu? Há algo exemplar oportunamente bem pinçado no estiloso e seletíssimo Condomínio Moradas dos Deuses. Aqui mesmo, no nobre bairro Teotônio Vilela, à Alameda Cleveland da Silva, na península do Barro Vermelho. Condomínio Classe A, com seguranças 24 horas; várias piscinas; campos de futebol, de polo, de golfe, tênis; com cavalariças e pistas para equitação, saunas e academias próprias, atracadouros para lanchas, heliportos, etc. e as porras. Aqui o síndico também age assim! Nenhum condômino consegue saber onde estão ou para onde foram as vultosas quantias arrecadadas em nossos bolsos Vips!
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