Editorial do Blog do Gusmão.
Uma pergunta inquieta Ilhéus, e o espanto dá seu tom: “Rapaz, cadê Marão?”.
A resposta é um mistério.
Quando a prefeitura anunciou entrevista coletiva sobre a pandemia, esperava-se que o prefeito estivesse presente. Expectativa frustrada.
A ausência notável indica que o combate ao coronavírus não é a prioridade de Marão, pelo menos até o momento em que ele decretou as medidas tímidas da última terça-feira (17).
O decreto parece obra de improviso, como uma resposta apressada à cobrança das ruas e das redes.
O prefeito sequer julgou necessário suspender todos os eventos com aglomerações. Determinou que cada caso desse tipo fosse submetido à autoridade ambiental. Esse tipo de conduta sugere falta de conhecimento sobre a gravidade dos cenários possíveis.
Marão também não determinou nenhum tipo de cuidado com os ônibus do transporte coletivo. Em muitas cidades, prefeituras exigiram que os veículos recebessem higienização especial.
A timidez do decreto deixa a critério de academias e clubes a manutenção das suas atividades.
Não diz nada sobre estabelecimentos como bares e outros espaços onde pessoas tendem a se aglomerar. Muitos proprietários se anteciparam ao prefeito. Quem não?
Infectologistas, biólogos e matemáticos chegaram a um consenso. No Brasil, o isolamento é a melhor forma de combate ao vírus. Aqui não temos a cobertura de testes de países como a Coreia do Sul.
Prefeituras começam a aderir ao consenso. Algumas já chegaram a reduzir os horários do transporte coletivo. O serviço é mantido apenas na medida em que faz jus à sua condição essencial. A ideia é reduzir os deslocamentos nas cidades, e, assim reduzir a velocidade com que o vírus se espalha.
A redução do ritmo de contágio é importante para que os hospitais tenham leitos livres para as pessoas que precisem de tratamento intensivo.
Enquanto isso, muitas perguntas sobre como Ilhéus vai enfrentar a pandemia. Mas, um delas é causa mais espanto: “Rapaz, cadê Marão?”.
O município deve adotar medidas coerentes impostas pelo caráter excepcional desta crise.
Alguém precisa assinar um novo decreto pelo prefeito, conduzindo sua mão sobre o papel timbrado, como fazem as professoras de alfabetização mais atenciosas.