São 200 milhões de brasileiros, que, independentemente das suas predileções políticas e ideológicas, esperam que o navio no qual estão transladando seja comandado com competência. Para isso, se faz necessário um capitão capaz de mobilizar todos os instrumentais disponíveis, do inverso, dificilmente conseguiremos ultrapassar esse mar revolta no qual tenderemos a imergir sem esperança de um dia emergir.
Por Caio Pinheiro.
Sim, vivemos uma pandemia; e por mais que muitos não queiram reconhecer, nosso sistema de saúde é inepto para agir com a celeridade demandada por uma crise sanitária dessa magnitude. Essa convicção é atestada pela corrida de gestores estaduais e municipais no intuito de reduzir a curva de contaminação da população pela Covid-19. Todos têm consciência da precariedade da rede de atenção básica, daí projetaram a catástrofe que será ter uma população demandando eficiência de um sistema de saúde pública precário há décadas, quer seja em função de gestões ineficientes e fraudulentas, ou mesmo das limitações orçamentárias agravadas pela PEC dos gastos.
Nesse momento em que o caos nos espreita a cada esquina, florescem narrativas destinadas ao descortinamento das causas da crise. Cientistas, políticos e religiosos assumem a dianteira na peregrinação rumo à verdade. Esse é um comportamento esperado, dado a gravidade da situação. Entretanto, responsabilidade e cautela se fazem necessárias. É hora de exercitarmos a temperança e fortalecermos as redes colaborativas. Toda ação de combate ao vírus é salutar. Ciência, religião e política precisam sem arrogância demarcar seus nichos de atuação, prevalecendo entre as mesmas a cooperação, do contrário, sucumbiremos aprisionados no ego das vaidades.
São 200 milhões de brasileiros, que, independentemente das suas predileções políticas e ideológicas, esperam que o navio no qual estão transladando seja comandado com competência. Para isso, se faz necessário um capitão capaz de mobilizar todos os instrumentais disponíveis, do inverso, dificilmente conseguiremos ultrapassar esse mar revolta no qual tenderemos a imergir sem esperança de um dia emergir.
Infelizmente, a catástrofe espraia-se a olhos vistos. Estamos num navio robusto, que, como registra sua história, conseguiu superar tempestades intermitentes, mas seu atual capitão, do alto de sua arrogância, insiste na subestimação da tempestade, e, pior, menospreza a opinião de alguns dos seus mais experientes comandados. Estes, municiados de evidências científicas, apontam para a uma solução menos traumáticas em benefícios dos tripulantes, sem, ademais, desconsiderar as avarias que o navio (Brasil) sofrerá. (mais…)