Quantas vezes pegamos o carro ou o ônibus por puro vício, ou por extremo de acomodação, quando poderíamos nos exercitar com uma caminhada de 10 ou 20 minutos? Quantos de nós não poderiam, em uma cidade como Ilhéus, vencer distâncias um pouco maiores com o uso da bicicleta, sobretudo agora que temos ciclovias, ou ciclofaixas, ligando desde o início da rodovia Ilhéus – Olivença, passando pela maravilhosa Ponte Nova, até o Parque Infantil?
Por Julio Gomes.
A publicação do decreto que autorizou a reabertura de diversos estabelecimentos no comércio de Ilhéus antecipou o debate referente ao deslocamento de trabalhadores, de consumidores e do povo em geral até o Centro da cidade e demais localidades, criando um impasse, já que os ônibus urbanos, até o momento em que escrevemos estas linhas, não tiveram permissão para voltar a rodar.
Não pretendemos aqui debater sobre o acerto ou não de tais medidas, até porque quem é nosso leitor assíduo sabe de nossa posição contrária à reabertura de novos estabelecimentos comerciais e ao retorno dos ônibus neste momento em que a pandemia se alastra, aumentando diariamente o número de vítimas fatais, que já chegou a 35 mil brasileiros – em números oficiais, subnotificados – nesta data.
Entretanto, considerando que a necessidade de deslocamento está posta, restam pelos menos duas questões muito importantes a serem resolvidas: a primeira é de que forma se deslocar entre os diversos pontos da cidade; e a segunda é como fazer isso com segurança ante a inevitável presença do Corona Vírus.
Os motoboys, e mesmo eventual transporte alternativo feito em automóveis particulares, simplesmente não darão conta de todo o fluxo de pessoas. Também é razoável prever que com o retorno dos ônibus urbanos em data futura, estes passarão a circular ainda mais lotados do que ordinariamente o faziam, acarretando grave risco de biossegurança referente ao contágio pelo vírus.
Não há como, seja em transportes alternativos ou fornecidos pelas empresas; seja com motoboys ou nos ônibus urbanos, manter o distanciamento mínimo recomendado pelas autoridades sanitárias, nem evitar contato com objetos de uso comum, a começar pelo próprio assento, suportes e maçanetas destinadas aos passageiros.
Nesse contexto, lanço uma sugestão e, ao mesmo tempo, um desafio: como o retorno às atividades exigirá adaptações, cuidados extras e até mesmo que nos reinventemos em diversos aspectos, penso que seja hora de ousarmos e inserirmos, em nossas vidas, atitudes que não adotaríamos sem o “empurrão” da pandemia, e dentre elas a de mudar significativamente nossa forma de deslocamento na cidade, mediante o uso cada vez mais intenso da caminhada e da bicicleta.
Quantas vezes pegamos o carro ou o ônibus por puro vício, ou por extremo de acomodação, quando poderíamos nos exercitar com uma caminhada de 10 ou 20 minutos? Quantos de nós não poderiam, em uma cidade como Ilhéus, vencer distâncias um pouco maiores com o uso da bicicleta, sobretudo agora que temos ciclovias, ou ciclofaixas, ligando desde o início da rodovia Ilhéus – Olivença, passando pela maravilhosa Ponte Nova, até o Parque Infantil?
Este deslocamento urbano, a pé ou de bike, além de nos livrar de situações de risco potencialmente altos de contágio, nos propiciará economia de dinheiro e ganho de saúde, pois uma ida e um retorno de cerca de vinte minutos cada um, algumas vezes por semana, farão diferença substancial quanto à saúde, disposição e auto estima das pessoas, melhorando sua qualidade de vida.
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